sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Penso, logo crio

Quem já não se perguntou ao menos uma vez na vida em que as pessoas ao redor estariam pensando? Momentos ociosos ou multidões inspiram a indagar mentalmente a respeito de pessoas que às vezes sequer conhecemos.

Observamos determinadas ações ou expressões que nos permitem analisar os outros. É como se todos tivéssemos capacidade de ler pensamentos alheios. Ainda que às vezes nem nossos próprios pensamentos nos pareçam claros.

E são esses momentos que proporcionam pequenas impressões de onisciência totalmente inconsciente. Buscamos ver nos outros as preocupações que nos faltam naquele momento de liberdade criativa.

É aí onde todos viram artistas formulando mentalmente suas próprias crônicas sem nem se darem conta. É o momento onde a licença poética passa a ser um direito universal. E as pessoas na rua, aqueles tantos rostos, aparecem como personagens daquele que os observa. Como se suas vidas se limitassem até onde vai o alcance perceptivo de quem os assiste.

Todos têm esse lado intuitivo mesmo nem sempre preciso, todos tem esse autor interior pronto pra produzir histórias como lhe convêm em seu posto de narrador observador.

Somos quem somos e a um só tempo somos aqueles que os outros pensam que somos. E assim não poderia deixar de ser em um mundo antagônico onde a Individualidade dominante divide o trono com a Relatividade e o Pluralismo da perspectiva humana.

Enquanto cogitamos o que poderiam estar pensando os outros, nem desconfiamos que eles vão imaginar o que estamos pensando.

Penso, logo canso.

Descartemos o pensamento então.

Piadinhas nerds a parte

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Breve reflexão

Sei que a proposta inicial desse blog é algo mais tombado a literatura amadora, meu espaço pra me expressar em arte...Mas permitam-me divagar sobre uma questão interessante que minha professora da faculdade trouxe a tona hoje: O modo como a sociedade atual não está aberta a troca de informações e opiniões...
Vamos começar do começo a partir da etimologia da palavra Diálogo e seu significado (tal como minha professora explicou). A palavra diálogo vem do grego. logos – sentido; dia – através de. Ou seja passar um significado adiante através de uma troca. É saber comunicar e ao mesmo tempo saber ouvir para assimilar as mais diversas opiniões e assim derrubar preconceitos e criar conceitos - conceitos esses assumidamente flexiveis, sujeitos a mudança. Porque para haver um diálogo é preciso haver essa flexibilidade, estar aberto a opiniões alheias mesmo sem necessariamente concordar com elas...é preciso ao menos se deixar abrir para conhecê-las. Um diálogo é um exercício onde há um equilíbrio entre o alter e o ego, é saber tirar a partir de opiniões alheias a sua própria, refletindo a respeito sem simplesmente dar qualquer coisa por certa ou verdade absoluta.
Mas na sociedade atual diálogos genuinos são muito raros, dificílimos de achar...que minha professora não se importe com o plágio mas vou repetir a frase que ela disse que em minha opinião reflete bem o momento atual da humanidade: "Diálogos são raros o que presenciamos no dia-a-dia são monólogos em conjunto." Afinal quando as pessoas conversam elas não estão necessariamente esperando que a ouçam e pensem a respeito, querem apenas que concordem...ou seja falam mais para si mesmas do que pra outrem. O que é uma perda muito grande, afinal grandes experiências e sabedorias seriam trocadas se o ser humano praticasse mais o diálogo, aquele de verdade, aquele que você fala e ouve a replica, e mais que só ouvir: pensa a respeito e rebate como bem entender sabendo que a pessoa vai tirar sua própria conclusão a partir de sua reflexão particular e assim aprender ou ensinar...Ou melhor: ambos.

sábado, 8 de agosto de 2009

Era uma vez...

E mais uma vez ela chegou com os fones do mp4 no ouvido, ouvindo num volume tão alto que qualquer um ao redor poderia até mesmo dizer qual era a música - se conhecessem. Ela cantava distraidamente e ia aumentando o tom de voz aos poucos e quando se dava conta já estava cantando perfeitamente alto, atraindo olhares não lá muito satisfeitos para sua direção. Corada, ela desviava o olhar pro chão e voltava a apenas dublar, mexendo os lábios de acordo com a letra da música. Alguma dessas músicas antigas que ninguém mais ouve, provavelmente. Ou então uma daquelas bandas novas que ninguém conhecia. Ela se envaidecia horrores de seu gosto musical, considerava-o impecável. Não havia uma música sequer em sua playlist que ela não gostasse de ouvir mais de uma vez. Ela conhecia as músicas da moda mas enjoava fácil. Ela gostava de procurar músicas pelas letras pra que houvesse uma identificação maior ou então gostava de usar as letras para basear a vida de seus personagens nelas...Ah, sim, a menina era uma contadora de histórias! Amadora, claro. Não era lá muito grande e nunca conseguia terminar nenhuma que começava. Mas se apegava de tal forma aos seus personagens que ela queria deixá-los livres pra ir e vir quando bem entendessem e terminar uma história seria como matá-los todos. Crime literário hediondo! Eram quase como sua versão para amigos imaginários...podia tê-los por perto quando bem entendesse. As garotas normais da idade dela ouviam músicas e lembravam-se de seus namorados, paixões. Mas ela já não entendia muito disso. Músicas românticas a transportavam para uma observação privilegiada dos casais que ela mesma inventava e tinha medo de que quando se apaixonasse de verdade, o garoto não fosse tão interessante quanto aqueles que ela mesma criava. Mas ela estava apaixonada! Talvez ela às vezes se esquecesse ou não fosse levada a sério mas certa vez sonhou com um menino e nunca mais pôde tirá-lo da cabeça! Veja bem, é uma garota com uma imaginação fora do comum, não se pode culpá-la! Ele era tão perfeito e tão dela que ela não se via amando mais ninguém em seu futuro se não o - literalmente - garoto dos seus sonhos. Sonhou com ele umas três vezes, nada mais que isso, mas o suficiente pra marcá-lo na memória pro resto da vida. E o suficiente pra dar a ela a certeza de que o amara e sempre amaria por mais que nem soubesse se ele de fato existia ou se iam se encontrar um dia...
Provavelmente ela vai amadurecer e seus sonhos vão se perder com a idade. Provavelmente ela vai perder o encanto que a difere das demais. Provavelmente ela vai casar com um cara que nunca sonhou e seguir em frente...Mas talvez ele ainda a visite em outros sonhos só pra lembrá-la de quem ela é até que ela volte a fazer o que sempre fez de melhor: sonhar.

Dream on but don't imagine they'll come true